quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Versos...


Ao Amor, um hino

Se minha luz se apagar na escuridão,
Se minha paz ruir em plena ansiedade,
Em nada isso mudará o que há em meu coração
Se tua voz me disser do amor que teu coração me sente.

Pode ser que um dia a luz venha a se apagar,
Mas saibas que em nada isso mudará
O brilho das estrelas do meu céu sobre teu mar.
Porque o amor é uma cicatriz que nunca sumirá.

As cores do céu de outubro ou o ar de maio,
Nada me importa se comigo eu te tenho,
Pois tu em tudo me bastas
E qualquer outro sentimento me será demais.

Todavia, se um dia dezembro de mim te levar
E numa manhã de sol sem ti eu acordar
Na lembrança de quem fui quando em ti vivi
Viverei a esperar a hora de reencontrar-te.

Por mais que doa o som mudo da escuridão
E que acalante o grito histérico da paz de uma flor,
Não chorarei como choram os em solidão,
Por que sempre em mim terei a rosa do nosso amor.


Eduardo Henriques

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Versos humilhantemente medíocres...

Sentinela

E se pela minha porta agora você passasse,
Tocaria a campanhia?
Ficaria com as mãos suadas?
Desconcertaria o cabelo tentando penteá-lo?

E se por acaso seu celular tocasse,
Desejaria que fosse eu?
Esperaria que fosse alguém
Falando que me viu chorar por ti?

Mas e se essa lágrima fosse mesmo verdadeira
E em mim vivesse uma dor fina, aguda e sorrateira,
Você viria me emprestar sua mão pálida
Para enxugar meu rosto apaixonado?

E no talvez repolsa a minha esperança
Tão vivaz quanto mórbida
Em sua iludida desilusão de ouvir chegar
O seu abraço apertado à minha porta.

Eduardo Henriques

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Uns versos ruins que não consigo melhorar...


Aquele vento que soprou

O que houve àquela menina que chora?
Terá o vento soprado seus sonhos?
Haverá a noite apagado suas memórias
E lhe deixado largada em seus medos?

O que houve com as roseiras da praça
Sempre cortejadas pelos enamorados?
Terão sido arrancadas por uma forte chuva?
Esvaíram-se à sombra de uma marcha de cavaleiros?

Lá no céu não se vê as nuvens
E nem as estrelas adornam a noite.
Das casas não se ouve aquelas alegres canções.
E dos boêmios só resta saudade.

O que houve com aquela mãe de véu?
Terá seu filho sucumbido junto à bandeira?
Terá sua filha fugido com um homem de quartel
Ou chorou a dor de se tornar viúva e costureira?

Quando os pássaros já partiram
E as folhas estão acumuladas no chão,
É sinal de que a primavera cessou e todos se foram.
Os ninhos agora apenas a neve fria guardarão.

O que houve com aquele rapaz de calças curtas?
Quem lhe apagou da face o sorriso?
Terá sido o apagar das noites claras?
Será que o mesmo vento aqui soprou?

Eduardo Henriques

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Versos...


Ponto

Se você achou que eu ia estar sempre aqui
Parabéns! Acertou.
Mas se você achou
Que eu ia estar esperando por ti,
Sinto muito, errou!
Essas lágrimas são por ti,
Mas antes chorar só por saudade,
Do que chorar ao teu lado
De solidão!

Eduardo Henriques

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Poema...



Gabness

São dias sem te ver,
Ouvir ou sentir. Nublados dias.
Incarregáveis horas de ansiedade.
- O que estará fazendo? Pensando?
Tudo é diferente. Tudo é intensamente.
Tudo isso é Gabness.

O que é isso que flameja dentro de mim?
Amor. Mas só? É um misto de tantas sensações:
Angústia, Alegria, Alento, Contento, Raiva, Ternura...
Isso o que eu sinto e você mo faz sentir
Não pode ser algo que se possa transmitir (ou exprimir).
É algo só nosso. Faz parte do nosso universo.
Isso que nós fazemos existir
É o sentimento mais lindo:
O que eu sinto é Gabness.

Embora haja tantas paredes,
E as maçanetas estejam enferrujadas,
Isso não significa que haja impedimento
À chegada dos dias de sol.
O som de minhas mãos nos teus cabelos
Lembra a brisa no mar
E o calor do teu abraço
A temperatura dos dias de piquenique.
É o silêncio e é a canção.
É a alegria e a sofreguidão.
Tudo no máximo e no apenas que eu possa querer.
Tudo e nada em Gabness.

Eduardo Henriques

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Poema...


Em meu quarto de criança

O Sol me acorda sem considerar
A insônia que tenho todas as noites
A esperar que a Terra decida girar
E Pandora reanime os meus tremores/temores (?)

Eu gosto de acreditar
Que o mundo gira
Em um ritmo bem devagar.
Não é facil achar a forma certa,
Mas isso não é uma corrida.
Respire! É uma boa caminhada.

O Castelo de legos coloridos
Não é mais tão grande.
E o dragão inimigo, com grandes olhos,
Não tem escamas - ou cara de serpente.

Meus sonhos são como balões
Pontilhando o céu azul e branco.
Conjescturá-los foi-me as melhores abstrações.
É difícil ser cisne e não pato.
Faltou o "X" no mapa do tesouro.
É bem diferente do que o videogame tinha mostrado.

Não se pode caminhar sem olhar para a frente.
É muita responsabilidade fazer amigos,
Cativar-lhes o afeto e, por fim, não regar a semente.
É preciso prever os tropeços.

Eduardo Henriques

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Versos vãos...


Efêmera rosa da minha apaixonada mediocridade

Na tevê são milhares de canais
Onde o que se constrói logo se desfaz.
E eu só busco um caminho para seguir.
Por mais que se busque saber quem se é
Só podemos andar sobre o nosso próprio pé
E isso já significa algo importante...
Ou a importância é apenas um cartaz de filme?

Por mais que se queira fugir
O abismo está tão grande.
A lagoa pode à noite refletir
O luar prateado de um beijo adolescente,
Mas tudo será apenas imaginação.
Não há mais a vovó para segurar a nossa mão [...]
E os ogros dominaram os contos de fadas.

Nas ruas todos usam óculos escuros
E nas mãos carregam calulares luminosos .
As bibliotecas conquistaram o silêncio desejado
Que as mentes não alcançam sem que se esteja dopado.
As provas estão chegando ao fim
E eu sequer as comecei.
Talvez seja melhor assim...

Por mais que se queira fugir
É impossível fugir de si.
Os balões coloridos sobem no ar,
Mas logo eles caem colorindo a beira do mar
A sensação de não ser ave ou peixe deve ser ruim.
Desligando-se a tevê, quem sobra para se interagir?
[...]
______//Viver é a trilha sonora de um filme mudo.


Eduardo Henriques

sábado, 20 de novembro de 2010

Frase



Chorar, nem que seja de dor, mas que seja por amor. Antes de tudo, por alguém chorar

Poema

Nenhuma Saudade

Eu penso em mim
E em quanto eu perdi
Doando pedaços meus para você.
Quando um sentimento amadurece,
Mas o pensamento se infantiliza
Imaginando aquelas borboletas na barriga,
Vamos ao paraíso sem a mínima idéia
De que há um enorme vale antes da entrada...


Eduardo Henriques

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma tentativa de Conto...


Filhós e chá gelado

Pôs o telefone de volta na base. O clique e a luzinha vermelha acusaram, cada qual em sua função, o acolhimento do aparelho que, segundos antes, possibilitou-o saber a notícia serpenteante e ferina. Engolida a traumática mensagem, que desceu pela garganta como cacos de vidro, a mala logo foi jogada sobre a cama. Roupas aleatórias são postas dentro enquanto, novamente por meio do telefone, um bilhete era comprado.

A estação estava repleta de pessoas e suas bagagens. Cada passo apressado para o portão seis, do outro lado daquela construção inspirada na Gare Charles de Gaulle era penoso. As famílias iam ou voltavam das férias, os casais enamorados, os homens de casaca... Tantos sorrisos. Duas lágrimas. Enfim, o portão. Vencido o embarque, apenas uma corrida pelo corredor estreito povoado com roupas sem corpos e sem faces precedeu o ríspido encontro com a poltrona. Olhos na janela. Mil e uma lembranças de um tempo quase morto que agora revive. Uma mão macia, os filhós com chá gelado, as estórias para crianças levadas, o sorriso no altar, o abraço quente quando o “para sempre” chegou ao fim. As imagens se sucediam. Foi assim por toda a madrugada.

A mão da mulher de fortes rugas sobre o ombro trouxe de volta à luz do dia olhos que viram tanta escuridão quando o passado acabou e não havia um presente. A antiga estação de ferro inglês com suas paredes amarelas foi esquecida pelo tempo. Depois, já no assento de um Ford, veio a certeza de que toda a cidade permanecia como desde sempre. Os dedos enrijecidos maceravam a correia da mala ao longo dos vintes minutos no automóvel e provocaram um dano irreparável naquele artigo de couro italiano... A casa! E os reais. Mais duas lágrimas.

O hercúleo esforço para manter a razão e a emoção em proporção equilibrada necessitou um cumprimento mudo e “en passant” para os parentes e conhecidos distribuídos na sala arcaica. A mesa da cozinha trouxe à mente o cheiro forte daquele café grosso, quase mastigável, tomado antes de o sol sair. Quando viu a porta do quarto tão almejado, aumentou o ritmo do passo. Padre António vinha saindo. Trazia um crucifixo em uma das mãos e na outra um chapéu de palha. Nos lábios: Kyrie Eleison. Uma benção silenciosa através de um aceno. A porta. E ela.

Da porta para o pé da cama em um só fôlego. Um abraço apertado nas carnes moles que a lembrança conservava rijas. Vovó Ia. A avó negra, filha da seca que chegou a esta casa para criar uma moça fina e acabara por criar esta, seus filhos e, por fim, seus netos. Não foi mão dos seus para ser maternal com os filhos de outras. E quanto amor!

- Vovó Ia! Que susto me deste no coração...

- Ô meu filho, meu filinho, não foi dessa vez. O peito ainda bate.

- Desculpe-me a demora. Não foi por falta de saudade.

- Saudade é bicho bom! É o que me fez esperar para te rever aqui.

- E eu vou me demorar, viu?! Tem muito passado nesta casa...

Com um novo beijo, dessa vez nas mãos, afagaram-se. Após isso, desbravaram o passado, conjecturaram o futuro na plena construção de um presente. Presente este que poderia não estar sendo possível de se escrever. Foi por pouco.

- Filhinho, o que você acha de uns filhós?

- A vó, só se tiver um chá gelado!

- É pra já!


Eduardo Henriques

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Versos...

I

Você me fez sentir
A adrenalina que eu queria.
E toda a minha pele se eriçou
Na primeira vez que você me tocou.
Foi mágica essa nossa cena.

Meu coração simplesmente para
Cada vez que você olha para mim.
Eu me sinto na adolescência
E meu estômago parece girar só de lembrar
Como é te ter sobre mim.

Eu não quero que o fogo apague.
Vamos deixar tudo queimar.
Vamos ser a lenha que o fogo vem queimar.
Segure na minha mão e siga
As linhas do meu corpo em chamas.

Eu estou à porta esperando.
Sei que você vai tocar a campanhia
Com as roupas ensopadas pela chuva forte
E será o meu calor que irá te esquentar.
O importante é queimar... É queimar.


II


É difícil para mim
Enxergar você partir
Depois de tudo o que fiz
Para te ter aqui.

Mas se o sangue que escorre
Ralo abaixo em vermelhidão
Não for o suficiente para você,
Que bom que não irei acordar.


III


Eu deixo o telefone livre,
O msn online e o facebook.
Cada segundo a esperar um sinal
De que você me procurou.

Será que você vai me ligar?
Eu escolhi um ringtone especial
Só para saber que é você.
Perco as horas esperando você perceber.

Seu adeus me deixou sem ação.
Assim como me roubou as palavras.
Eu estou sem palavras ainda.
Você vai me trazer de volta a voz?

E por mais que haja frases em mim
Eu continuo completamente sem voz.
Manda um SMS, um simples e-mail.
Não me deixa assim, so speechless.


Eduardo Henriques de Araújo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Poema...


Taça de Vinho

___Só uma vontade
__Leva-me às carnes
_Enxugando-me as visões -
_Sino do divino, indulgência do humano.


Eduardo Henriques

domingo, 24 de outubro de 2010

Poesia...



Remember

Eu me lembro de como era fácil
Quando só havia a rotação.
Eu abria as janelas do quarto
E o mundo era apenas o que eu podia ver
- O que eu queria ver.

Mas o 'self é muito pouco
Quando estamos no emaranhado da vida.
Eis que abri a porta e vi um nó de estradas.
Em uma dada esquina por onde passei, eu te encontrei
E decidindo segurar na tua mão, atirei-me no labirinto.

Há muito mais do que um jardim no celeiro do mundo.
Tu mostraste-me o quão limitado eu estava em minha janela.
Porém, agora eu limito-me a por meus passos em tuas pegadas.
Fortemente seguro a tua mão na minha, mas sinto-te afrouxando-nos.
Serei já pardal forte o suficiente para sair do teu ninho e voar?

Eu me lembro de quando o céu era o meu grande espetáculo diário
E de quando o som das cigarras era a orquestra que me encatava às noites.
Eu me lembro de quando nada era inseguro ou reflexivo e olhar era gesto de arte.
Abro os olhos e olho buscando ver aquilo que preciso alcançar para me ser
E aquilo que preciso impedir de me alcançar - Serei tão forte sem "você"?


Eduardo Henriques

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Poesias (Port/Ingl) ...

À sua porta

Hoje eu acordei querendo arrumar minhas coisas
E fui revirando as prateleiras,
Mas por mais que eu quisesse jogar tudo fora
Não fui forte o bastante e coloquei todos em seus lugares.

Eram as nossas coisas me relembrando nossa história,
Cada passo que escrevemos juntos, sorrindo e cantando alto.
E mesmo que eu chorasse sangue, seria uma tragédia
Tentar te apagar de mim se estou te esperando.

Eu me lembro do nosso primeiro beijo.
Lembro-me também de quando você me fez chorar.
Mas agora estou só e choro por isto:
Eu errei ao te dizer adeus.

Vou correr à porta da sua casa
Vou bater e vou gritar pelo seu nome.
Eu vou dizer o quanto me arrependo e ainda te amo
E que sem você eu estou sem minha alma.

Foram muitos os meus enganos,
Mas em todos os erros foram tentando o melhor para nós.
Eu sofro de saudades relendo as suas cartas.
Abra a porta para o reinício de nós dois.

Eu sei que o fim foi minha culpa.
Mas quando eu disse "adeus"
Não passava de uma mentira.
Chame-me para dentro.

Eduardo Henriques

*************************************************************************************

Inside

Today I woke up wanting to pack my things
And I went rummaging through the shelves,
But the more I wanted to throw it all away
I was not strong enough and put everyone in their places.

They were reminding me of our things our history,
Every step we wrote together, smiling and singing loudly.
And even if I cry blood, would be a tragedy
Trying to erase you from me if I'm waiting.

I remember our first kiss.
I also remember when you made me cry.
But now I'm alone and cry for this:
I was wrong to say goodbye.

I will run to the door of your house
I'll knock and scream his name.
I'll tell you how sorry and still love you
And without you I'm out of my soul.

There was much to my mistakes,
But in all the errors were trying the best for us.
I suffer from homesickness rereading your letters.
Open the door for the resumption of us.

I know that the end was my fault.
But when I said goodbye
It was just a lie.
Call me inside.

by Eduardo Henriques

Poesias...


Noite Fria

Quantas vezes você me viu chorar
E sequer enxugou minhas lágrimas?
Quantas vezes eu vi você cair
E sempre fiquei ao seu lado?

Nem sempre é dezembro.
O vento pode mudar de direção
E as velas dificultarem a nossa jornada,
Mas isso não significa que devamos parar.

Quantas vezes eu quis te amaldiçoar
E calei minha voz por só te querer bem?
Quantas vezes eu senti você distante, indiferente,
Mas entendi que é seu jeito silêncioso de me amar?

Eu posso ter errado muitas vezes,
Mas foi apenas tentando acertar.
Por favor, olhe para mim e veja a minha vontade.
Veja a minha entrega e o meu fervor por você.

E se não houver mais nada
Que eu possa te fazer ou te dizer,
Eu vou esperar que um milacre me ajude
A não perder você.

Se preciso for, eu faço a escalada
Para não perder você.
Eu nado qualquer distância
Para não perder você.

Olhe para mim, enxergue a si mesmo.
Eu posso suportar tudo
Menos perder você.
Perdoe o meu jeito estérico de amar você.

Eduardo Henriques

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Poesias (inglês)...


Blue Dream

Happy Days
Happy days ... so far
Happy days ... so faded
Happy Days?

Where are they?
Wander where my
Happy Days?
Exist only in the mind?

Some memory blue
Or any dream of truth.
A song with feeling.
A sunrise in front of the window.

Happy days.
Oh! Happy days ... Will they?
Happy days ... with warmth and emotion.
Oh Happy Days!


Eduardo Henriques

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Poesia



Aqui dentro

Sinto lá de fora
O cheiro da vida
Que corre feito criança,
Que é doce como chocolate.

Eu fecho as janelas.
Não desejo o horizonte.
Fecho os meus olhos.
Não desejo o novo.

Eu só quero, eu só quero
Ver-te de novo,
Sentir de novo,
Amar-te de novo.
Das lágrimas que choro
Retiro o sabor da tua pele.
A cada dia estás mais aqui.
Eu te sinto aqui dentro de mim.

Por mais que me clame o céu azul,
Eu prefiro a escuridão
Do meu quarto.
Deste quarto que foi teu.

E tudo o que foi teu
Mantém-te viva em mim.
E tudo o que sou fez parte de ti.
[Eu sou a parte de ti que te esqueceste de levar].


Eduardo Henriques

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Poesia...



Tempo


Era uma curva que havia

Entro o Sol e a Lua

Era uma encruzilhada o que se via

Ao fim da rua.



Eduardo Henriques

domingo, 29 de agosto de 2010

Poesia...



Perdendo a cor


Quando começamos, éramos uma semente forte e guerreira, pronta para desbravar o solo e impôr-se à vida.
Quando amadurecemos, ficamos com o caule bem formado e o primeiro olho de folha se fez brotar quando superamos nossa primeira discussão.
Quando desentendemo-nos, as folhas já eram muitas, mas começaram a murchar por falta de seiva boa para a nutrição.
Quando reconciliamo-nos, foi incrível ver o brotar de uma flor de cor branca, branco de paz e branco de pureza.
Quando caímos, foi triste ver a flor amarela cair também, pétala por pétala, no chão, em total desamparo poético.
Quando tentamos nos reerguer e fracassamos, as folhas caíram também e ficamos somente um caule sem vistosidade e explendor.
Quando nos separamo-nos, o verde decidiu nos abondonar e um tom de marrom pincelou de deserto o nosso corpo e o nosso coração.
Quando olho para nós, penso se vamos desistir e tudo encontrará seu fim. Não resistiremos ao primeiro inverno ou renasceremos na próxima primavera?


Eduardo Henriques

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poesias...



Bandeira do poeta

Minha bandeira não tem cor de aurora
Ou flâmula soberana e luzente.
A bandeira que eu carrego relampejante
Não vibra, é morta e fria.

A grandeza da minha bandeira
É a soberba inútil do nada.
A riscar o céu de negro,
Ela flameja o sentimento do seu poeta.

Este poeta de mãos trêmulas
Versa o intemperismo do mundo.
A sua cobiça atroz
É o atrofiar das emoções daquele mundo.

A minha bandeira não prediz o futuro,
Ela ostenta o passado agora presente.
Seu leito é um poema de ojeriza.
Eu sou poeta. Sou luto. Sou ojeriza.



Eduardo Henriques

Poesias

Beija-flor

Uma após a outra,
O beija-flor vai a beijar.
Chega, elogia, envolve em dança.
Encanta e beija a flor escolhida.
É gentil e atencioso.
Flerta e enamora.
Ele é solene e elegante,
Mas também humilde e gentil.
Não há flor que não se core por ele,
Ou suspire com os versos de suas asas.
É um mestre sedutor.
Para ti, princesa minha,
Quero ser beija-flor
E seduzir-te com olhares e cantos.
Quero valsar contigo ao luar,
Beijar-te as mãos e ver-te rosar,
Sentir-te tremer,
Ouvir-te envergonhada,
Saber, então, da tua paixão.
Linda flor da minha vida,
Mais que beijar-te enamorado
Prometo ser só teu.
Dedicar-me-ei somente a tua graça
Para te fazer sempre feliz,
Perfeita no centro do meu jardim,
Onde só existe a primavera
E o perfume do teu amor
Onde te sou beija-flor.

Eduardo Henriques

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poesias



Petit Colombe

Existe qualquer coisa
Que separa poeta e rosa.
Existe um pequeno menino francês
Que se chama Julien Colombe.

Colombe olha para os homens
Com seus ternos escuros nas ruas,
Mas os homens não enxergam Colombe.
E nas ruas Colombe se perde nas encruzilhadas.

Sem se perceber mordeu-se a maçã.
E as últimas esperanças estão nas esquinas
A revirar as lixeiras em busca do amanhã.
Pobre Colombe e suas mãos sujas.
Mesmo que se tente esconder o Sol com as mãos,
Não se pode impedir sua luz de iluminar o mundo.
Por mais que se tapem os olhos com as mãos,
A verdade não se apaga... Não! Não! Não!

Segue petit Colombe a caminhar pelas praças
Sem qualquer folha nas árvores, sem qualquer canto de pássaro.
É chegado, dentro e fora, o cinza opaco do inverno.
Ante a essa inércia, louváveis são as barricadas.

E qualquer coisa persiste em separar
A beleza e a expressão da beleza.
Algo que segrega e sangra o peito.
A rosa perdeu suas pétalas sobre o asfalto.

Mesmo que se perca o brilho da manhã,
Mesmo que se percam os horizontes do amanhã,
Não há como esconder o sangue que escorre pelo chão.
E se perguntarem se o quero esconder, digo que não... Não!...Não!

Eduardo Henriques

Poesias...

Um Par

Nós dois somos como meia de lã e sandália de silicone.
Somos um péssimo par.
Como brigadeiro com molho de tomate.
Realmente, um péssimo par.

Enquanto leio sentada na varanda,
Você lê de trás para frente
E suas estórias são de bonecos com luzes nas mãos.
Minhas personagens são pessoas tentando se encontrar.

Deito sobre seu corpo e falo de nós
Dourada pelo pôr do sol de cada fim de tarde.
Tento nos tornar alguma poesia
Enquanto você ouve seu Iphone.

Entenda que nunca dará certo.
Somos um péssimo par.
Como álcool e direção,
Nós formamos um péssimo par.

Nós não somos de verdade.
Não somos como Darcy e Elizabeth.
Nem tampouco somos como Cathy e Heatcliff.
Nós sequer somos mesmo um par.

Eduardo Henriques

Poesias



Meu Improviso

Era uma bela primavera.
Eu falava para a noite
Do que vivia dentro de nós.

Mas tu, e tu, e somente tu
Foste como um pássaro
E agora eu canto esperando-te.

Não sei se canto ou o que canto
Mas eu improviso, eu te improviso.
Eu canto para ti ter.
Eu canto para não sofrer.
Eu te improviso.
Eu te improviso.

Voltarás e eu te espero
E em silêncio,
Eu te espero sem paz.
Não me sinto em vida.
Eu te improviso para viver.

Agora, eu olho lá para fora,
Para o escuro da noite sem luar.
Esperando por tua volta.

Mas tu, e tu, somente tu
Que foste como um pássaro
Não devolves a minha aurora, estou esperando-te.

Não sei se canto ou o que canto
Mas eu improviso, eu te improviso.
Eu canto para ti ter.
Eu canto para não sofrer.
Eu te improviso.
Eu te improviso.

Eduardo Henriques

Da Espuma do Mar... Uma Afrodite Literária

Boa noite srs.,


Como começar? Eis a mais difícil de todas as tarefas. Ação que necessita de uma projeção daquilo que virá após para que sirva de combustíval para a explosão de hormônios e impulsos nervosos que nos conduzem a um movimento impetuoso e determinado de riscar o papel, de sangrar nosso sangue numa tela em branco. E o rubor das plaquetas será o suficiente? Quantas dúvidas nos irrompem após o primeiro passo dado, após o primeiro risco, a primeira sílaba, o primeiro conjunto "SVO" de nosso parágrafo. Eis, então, a segunda das mais difíceis perguntas que nos atormenta a mente imperfeita e trêmula em sua qualidade desqualificada de descentende do pecado de Adão - pois se Eva era costela de Adão, o pecado não seria dele ao fim das contas? - e glorificada pela imagem e semelhança de Deus: continuar?
O que seria da Humanidade se o segundo passo nunca houvesse sido dado? E se todo chuvisco significasse uma tempestade? Nunca poríamos nossos sonhos no mar? Deixaríamos nossas velas sempre abaixadas? Qual a poética da vida se nela não conseguimos seguir adiante? Seríamos tão imperfeitos e indignos quanto um escrito sem progressão temática, tão mudos quanto uma ópera sem soprano. Camen sem Maria Callas. Então, que venham os segundos passos, os segundos riscos, os segundos erros e os segundos acertos. Quem bom que na Literatura, até mesmo o Sol pode ter um segundo.



Este Blog é nada mais do que um segundo passo, uma segunda tentativa de exprimir em arte, em literatura, na imperfeição de meu ser, na impureza de meu âmago, com as vicitudes de minha natureza, imerso nas limitações mundanas de meus sensos, nos limiares diminutos de minhas impirações; as minhas agruras e alvoradas interioras.
A poesia é a miha recorrente, o meu refúgio, a minha arma. Sem forma, sem meio, sem tempo ou espaço. Apenas sentimento. Sem a necessidade de sentido, de entendimento claro e universal. Com a magia da impessoalidade personalíssima da compreesão. Cada qual pode sentí-la, entendê-la como desejar, como estiver predisposto. A poesia nos permite escrever os versos que lemos em nossa alma com a nossa própria caligrafia. Eis o que é o Olimpo sensorial..."Sentir o que deveras sente".
Desta forma, senhores, pedaços do Pecado como eu, vamos na divindade da Arte, filha de Apolo, pagã por sua gênese, Sacra por sua conversão à pureza nos sentimentos de cada homem, convertermo-nos também. Conclamo-vos a juntarem-se a mim, neste pedaço de nuvem fugidia, de nuvem sem forma e macia, na qual podemos imprimir nosso abecedário, nosso imaginário, nossa sofreguidão e amores,sem o julgo do Cultismo, sem a vigilância do Conceptismo, sem a sombra do disforme...à sombra de uma lágrima.