segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Poema...

Inúteis Palavras

Acho inúteis as palavras,
Já que não te podem dizer
O quanto em mim ficaram gravadas
As poucas horas tuas que pude ter.

Pelas ruas deixei o meu canto,
De esquina em esquina do caminho,
Para que a minha voz te leve em casa
E jamais outra vez eu te perca.

Sei que outrora me chegaste à porta,
Sorriste e perguntaste-me da paixão
E eu disse-te que dela não sabia nada,
Mas, meu bem, foi apenas o medo em meu coração.

Todas as cartas de amor do mundo
Um pouco falam desse amor que te tenho,
Porém nem todas elas juntas trazem o carinho,
Ou o torpor e a aguda dor amedrontada que carrego.

Criança! Ai! Criança sou eu perdida na estrada
Que já não sei de onde partiu ou onde chegará.
Tive medo de cegar nos teus olhos de alvorada,
Mas o que fiz foi plantar o mar de lágrimas que me afogará.

Choram violões, fanfarras e guitarras.
Murcham as carícias nunca concretizadas.
Meu bem, tudo isso existe e meu peito
Ah! ele insiste por te clamar, meu fado amado!

Édouard d'Henri-Araújo