segunda-feira, 26 de março de 2012

Poema...


Fevereiro

Desejar-te faz-me esquecer de amar-me.
Pus-me na prateleira de livros já lidos.
Lá fiquei doravante esqueceste-me.
E te tenho, sem ter-te. Mas tenho.
E sufoco, sufocando com o mar em mim.
E afundo, emerso, mas afogado.
Sinto-me, agora, tolo por tolher-me
As coisas muitas que as primaveras cantaram
Em meus ouvidos cheios d’água.
Âncora do Titanic no mar gélido do norte.
Calei meu pulsar e meus versos
No cancerígeno versar de ti.
Mas abri as janelas.
Arranquei as cortinas.
Fevereiro chegou e hoje é verão.
Au revoir! Arrivederti! Good bye!
Com conta-gotas tirei-me todo o mar
Que chorei em meus pulmões.
Desafoguei meu coração.
Desenterrei-me das covas que m’ofertaste.
Correntes cortadas. Âncora perdida.
Hasteiem as velas.
Ao Mar!
Ao Mar!