terça-feira, 17 de agosto de 2010

Da Espuma do Mar... Uma Afrodite Literária

Boa noite srs.,


Como começar? Eis a mais difícil de todas as tarefas. Ação que necessita de uma projeção daquilo que virá após para que sirva de combustíval para a explosão de hormônios e impulsos nervosos que nos conduzem a um movimento impetuoso e determinado de riscar o papel, de sangrar nosso sangue numa tela em branco. E o rubor das plaquetas será o suficiente? Quantas dúvidas nos irrompem após o primeiro passo dado, após o primeiro risco, a primeira sílaba, o primeiro conjunto "SVO" de nosso parágrafo. Eis, então, a segunda das mais difíceis perguntas que nos atormenta a mente imperfeita e trêmula em sua qualidade desqualificada de descentende do pecado de Adão - pois se Eva era costela de Adão, o pecado não seria dele ao fim das contas? - e glorificada pela imagem e semelhança de Deus: continuar?
O que seria da Humanidade se o segundo passo nunca houvesse sido dado? E se todo chuvisco significasse uma tempestade? Nunca poríamos nossos sonhos no mar? Deixaríamos nossas velas sempre abaixadas? Qual a poética da vida se nela não conseguimos seguir adiante? Seríamos tão imperfeitos e indignos quanto um escrito sem progressão temática, tão mudos quanto uma ópera sem soprano. Camen sem Maria Callas. Então, que venham os segundos passos, os segundos riscos, os segundos erros e os segundos acertos. Quem bom que na Literatura, até mesmo o Sol pode ter um segundo.



Este Blog é nada mais do que um segundo passo, uma segunda tentativa de exprimir em arte, em literatura, na imperfeição de meu ser, na impureza de meu âmago, com as vicitudes de minha natureza, imerso nas limitações mundanas de meus sensos, nos limiares diminutos de minhas impirações; as minhas agruras e alvoradas interioras.
A poesia é a miha recorrente, o meu refúgio, a minha arma. Sem forma, sem meio, sem tempo ou espaço. Apenas sentimento. Sem a necessidade de sentido, de entendimento claro e universal. Com a magia da impessoalidade personalíssima da compreesão. Cada qual pode sentí-la, entendê-la como desejar, como estiver predisposto. A poesia nos permite escrever os versos que lemos em nossa alma com a nossa própria caligrafia. Eis o que é o Olimpo sensorial..."Sentir o que deveras sente".
Desta forma, senhores, pedaços do Pecado como eu, vamos na divindade da Arte, filha de Apolo, pagã por sua gênese, Sacra por sua conversão à pureza nos sentimentos de cada homem, convertermo-nos também. Conclamo-vos a juntarem-se a mim, neste pedaço de nuvem fugidia, de nuvem sem forma e macia, na qual podemos imprimir nosso abecedário, nosso imaginário, nossa sofreguidão e amores,sem o julgo do Cultismo, sem a vigilância do Conceptismo, sem a sombra do disforme...à sombra de uma lágrima.

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