
Olhares Mudos
Só em meio à noite
Só em meio ao dia.
Tudo é tão indiferente.
Tudo é exatamente nada.
Andar pelas ruas, ouvir nossos pais...
São tantas palavras a significar o vazio
E poucas imagens na memória a me lembrar nós dois
Em nossos dias de girassóis e céu azul.
Mas se o dia não é parecido com o pedaço de paraíso
Daquelas horas em que caminhávamos juntos,
Apaguemos as luzes do céu e vaguemos em silêncio
Amando-nos sibilantes em nossos olhares mudos.
Nós não teremos passado.
Nós não teremos retorno.
Nós seremos a luz e a escuridão da noite.
Em um imenso jardim nós seremos uma semente.
Juntos em maio à noite.
Juntos em meio ao dia.
Tudo será bem diferente.
Tudo será “Nós” quando o dia acordar.
Eduardo Henriques