Petit ColombeExiste qualquer coisa
Que separa poeta e rosa.
Existe um pequeno menino francês
Que se chama Julien Colombe.
Colombe olha para os homens
Com seus ternos escuros nas ruas,
Mas os homens não enxergam Colombe.
E nas ruas Colombe se perde nas encruzilhadas.
Sem se perceber mordeu-se a maçã.
E as últimas esperanças estão nas esquinas
A revirar as lixeiras em busca do amanhã.
Pobre Colombe e suas mãos sujas.
Mesmo que se tente esconder o Sol com as mãos,
Não se pode impedir sua luz de iluminar o mundo.
Por mais que se tapem os olhos com as mãos,
A verdade não se apaga... Não! Não! Não!
Segue petit Colombe a caminhar pelas praças
Sem qualquer folha nas árvores, sem qualquer canto de pássaro.
É chegado, dentro e fora, o cinza opaco do inverno.
Ante a essa inércia, louváveis são as barricadas.
E qualquer coisa persiste em separar
A beleza e a expressão da beleza.
Algo que segrega e sangra o peito.
A rosa perdeu suas pétalas sobre o asfalto.
Mesmo que se perca o brilho da manhã,
Mesmo que se percam os horizontes do amanhã,
Não há como esconder o sangue que escorre pelo chão.
E se perguntarem se o quero esconder, digo que não... Não!...Não!
Eduardo Henriques